Descubra os Bastidores da Advocacia: Uma Jornada de Paixão e Desafios
INTRÓITO NECESSÁRIO
Começamos uma série de artigos sobre a Advocacia na prática onde compartilharei minha jornada - verdade nua e crua - sobre advogar.
Frequentemente nos deparamos com "causas" e "casos" que parecem dignos de filmes, seriados e novelas. No entanto, devido ao manto do sigilo ético profissional e à responsabilidade que recai sobre nós, advogados, muitos colegas levaram consigo esses desfechos eletrizantes para o túmulo.
Também lidamos com pessoas que, devido à natureza da profissão, às vezes nos inspiram a abraçá-las, outras vezes a estrangulá-las (mentalmente). Acredito que você já tenha sentido esse desejo também, não é mesmo? (e se a Advocacia fosse como as crônicas de Nárnia?)
Diante de uma pausa necessária na minha carreira como produtor de conteúdo, devido ao nascimento do meu segundo filho, Adam, decidi retomar a produção de conteúdo. No entanto, desejo fazer isso de forma diferente. Quero compartilhar contigo assuntos profissionais mais íntimos, reservados para os mais próximos, com exclusividade. Pretendo revelar os bastidores dos casos mais emblemáticos nos quais atuei ao longo dos meus mais de 12 anos de advocacia e mais de 18 anos de experiência na área jurídica (razão e/ou emoção).
Vou expor toda estratégia empregada, a técnica utilizada sob a perspectiva fática, explicando como e por que agimos da maneira como agimos. (Como ganhamos mais de 100 mil reais em um único processo)
Dado que não podemos divulgar os processos específicos nos quais atuamos, decidi contornar essa barreira ética, sem, é claro, violá-la. Assim, compartilharei esses casos sem revelar os nomes das pessoas envolvidas. Por exemplo, houve um caso em que um ex-empregado moveu uma ação contra sua ex-empregadora, quando, na verdade, descobrimos que ele mesmo havia se demitido e assinado toda a papelada, como se fosse o empregador. Por meio de uma auditoria, descobrimos que esse ex-funcionário havia desviado milhares de reais emitindo boletos com códigos de barras adulterados.
Após resolvermos esse caso, de uma forma tão simples que você não vai acreditar, vieram muitos outros. Por exemplo, teve o caso de um ex-funcionário demitido por justa causa por ter se acidentado no trabalho. Seria cômico se não fosse trágico, mas pelo menos a justiça foi feita.
Entretanto, nem sempre a justiça é alcançada. Em algumas ocasiões, nos deparamos com juízes que se consideram a "última instância", sendo arrogantes e desconsiderando os advogados. É uma realidade dura, mas infelizmente acontece. Tive o desprazer de encontrar esses juízes algumas poucas vezes e percebi que a culpa desse tratamento hostil era minha. Foi necessário aprender a lidar com essa categoria de "semideuses".
Afinal de contas, eu também já quis ser uma delas.
Eu tinha o sonho de ser juíza. Nutri esse sonho até algum tempo atrás. Estive amarrada a esse objetivo que me consumia, martirizava e deixava-me com a sensação de impotência e de que não era "boa o bastante". Esse sonho foi alimentado durante a faculdade de direito. Conheci um dos professores mais gentis de toda a graduação e encantei-me com o funcionalismo público. Sabia que não poderia seguir a mesma carreira que ele, um delegado federal. Mas poderia mirar no topo, a magistratura federal. Havia um longo caminho até lá, por isso dediquei-me a experimentar todos os estágios em órgãos públicos nos quais poderia ingressar, mediante concurso, e conheci grandes funcionários públicos, Procuradores da Fazenda Nacional e Municipal, advogados públicos e promotores de justiça. Durante os cinco anos da faculdade, fiz estágios e me convenci de que não queria ser advogada.
Após a aprovação no exame da OAB, vi-me com a possibilidade de fazer algo a mais, transformar o mundo em um lugar melhor. Tinha coragem e ousadia, apenas faltava-me espaço, então decidi criá-lo. De palestras em bairros a igrejas locais, fui angariando os meus primeiros poucos clientes, com os quais aprendi muitas coisas. Perdi algumas causas, ganhei outras, mas faz parte da jornada.
Com muito esforço e um longo caminho trilhado, consegui entender quem realmente sou e o que queria ser de verdade: uma advogada - 41 motivos para ser advogada. Hoje, não troco por nada a vida que tenho. A liberdade de trabalhar de onde quiser (até mesmo de roupão, embora prefira estar arrumada). Minha profissão permite-me fazer a diferença no mundo, além de proporcionar uma vida digna para mim e os meus e ajudar outros colegas a vencerem os desafios dessa carreira tão linda e cheia de desafios. (#3 coisas que fiz para de ser autônoma e me tornar dona de um escritório)
Fui uma menina pobre do interior da Bahia. Vim para a capital paulista com o intuito de mudar de vida. O direito não foi minha porta de entrada. Vejo muita gente falando "o direito mudou minha vida". Seria injusto se eu atribuísse tudo que tenho e sou ao direito. Ele foi e é um canal, uma trilha, mas não foi a mola propulsora. O que me motivou a ser quem sou hoje foi a revolta, o inconformismo. Não aceitar as coisas do jeito que são, a síndrome "eu nasci assim, eu cresci assim, vou morrer assim". Não. Eu nunca tive o controle e não tenho o controle do destino final, mas sei onde quero chegar. E essa visão sempre tive. Eu via as meninas da minha cidade se casando, se tornando donas de casas e tudo bem, elas queriam isso e estavam felizes. Mas eu não me via naquela forma. Eu não me encaixava. Cheguei a pensar que não encontraria um amor verdadeiro (graças a Deus que foi apenas um pensamento).
Todas as dificuldades que enfrentei nessa jornada só serviram para intensificar o meu propósito: fazer a diferença. Nunca trabalhei em outra área que não estivesse ligada ao direito. A advocacia é o meu sacerdócio, minha desgastante, mas apaixonante atividade. É maravilhoso lutar pela defesa daqueles que não têm com quem contar e poder restaurar-lhes a dignidade; de igual forma, é irresistível resgatar a liberdade física, material e moral de alguém que foi injustiçado. Curar feridas de ricos, pobres e injustiçados, advogar é sobre isso.
Nesta trajetória, conheci grandes juristas. Advoguei em grandes bancas de advocacia de São Paulo e contra grandes firmas também, nas quais inclusive tenho alguns litígios em andamento.
Consegui construir autoridade em alguns temas e tenho sido requisitada para palestras e treinamentos em alguns Tribunais Regionais do Brasil. Também entrei na melhor instituição de ensino superior do Brasil, a USP, onde tenho o prazer de dividir as cadeiras das salas Cesarino Júnior e João Monteiro com os discentes incríveis e também adquirir conhecimento com os docentes mais brilhantes da atualidade. No direito do trabalho, beber dessa fonte tem me garantido um novo patamar profissional. Meus processos jamais serão os mesmos. Mas, queria registrar especialmente que estar ali me fez alinhar a minha ótica profissional e validar meus princípios e valores. Acho que se tivesse entrado na USP mais jovem, poderia ter sido influenciada politicamente (falarei disso oportunamente).
Tenho várias facetas. Mas de todas elas, nutro um certo lirismo na paixão pela advocacia. E assim como cada caso é único e desafiador, cada capítulo dessa trajetória reserva novas surpresas e aprendizados. Se você se encantou com essa pequena parte da minha jornada, imagine o que os próximos capítulos reservam! Venha comigo desbravar os caminhos do direito e descobrir as reviravoltas que só a vida de um advogado pode proporcionar. Os próximos capítulos prometem ser ainda mais emocionantes. Está pronto para embarcar nessa jornada comigo?
Te vejo amanhã.
Por Gicelli S da Silva Paixão, Dra. Gicelli Paixão, Advogada desde 2011, Professora de Direito na FAZP, escritora, palestrante e consultora empresarial nas áreas de Direito do Trabalho para Empresas e Gestão Estratégica trabalhista e previdenciária. Presidente da Comissão Nacional de Direito do Trabalho da Associação Brasileira dos Advogados na gestão 2020/2021. Especializanda em Direito do Trabalho pela USP. Pesquisadora do GPMAT-USP. Especialista em Arbitragem pela FGV e Especialista em Direito Empresarial pelas Faculdades Legale/SP. Especialista em Direito da Seguridade Social. Possui MBA em Prática Previdenciária. Colunista de jornais e revistas como CIPA e portais da internet e autora dos livros: De aprendiz a patrão: a saga de um trabalhador; “Comentários sobre a reforma trabalhista” e “Invalidez Social”, pelas Editoras Autografia (RJ), Kindle Amazon (SP) e Saraiva E-book (SP). Coordenadora e Co-autora do Livro Advocacia na Prática pela Editora Mizuno. Ex Sócia e coordenadora Adjunta Trabalhista e Previdenciária no Escritório Braga Nascimento e Zílio. Fundadora e Advogada responsável do Escritório Gicelli Paixão Advocacia e Consultoria Jurídica trabalhista que se dedica ao atendimento de projetos em empresas de pequeno e médio porte. Administradora do IG jurídico @pitadasdedireito e site www.pitadasdedireito.com. Criadora da Marca Pitadas de Direito..
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